
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) prestou depoimento na tarde desta segunda-feira (2/6), na sede da Polícia Federal, em Brasília, no âmbito do inquérito que apura a atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A investigação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após representação apresentada por Lindbergh e acolhida pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Responsável por provocar a abertura da investigação, o líder do PT na Câmara afirmou ter reunido diversas publicações feitas por Eduardo nas redes sociais, bem como declarações em entrevistas, que comprovariam a tentativa de intimidação às autoridades brasileiras.
Em coletiva de imprensa após prestar depoimento, Lindbergh classificou a conduta de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos como um atentado continuado ao Estado Democrático de Direito. Segundo ele, as ações do parlamentar licenciado equivalem a uma “depreciação simbólica” das instituições brasileiras, semelhante ao vandalismo físico praticado durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
“Qual é a diferença do que Eduardo Bolsonaro faz, de um daqueles golpistas que depredou o Supremo? É uma depredação simbólica do Supremo. Uma articulação internacional para sancionar ministros do Supremo, o procurador-geral, delegados da Polícia Federal. É isso que está sendo feito aqui”, criticou Lindbergh.
O deputado petista também explicou que o depoimento buscou demonstrar uma relação direta entre a conduta de Eduardo e a trama golpista em investigação no STF. “A gente sabe que o que Eduardo Bolsonaro está fazendo lá é atrapalhar a investigação. É um crime continuado, eles continuam atacando as instituições. [...]É uma forma de manutenção dessa organização criminosa fora do país”, afirmou.
Lindbergh alertou ainda para o risco de uma crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos. “Estamos caminhando para uma crise diplomática seríssima”, disse, ao informar que a equipe jurídica dele ingressou com uma ação solicitando o bloqueio imediato dos bens de Jair Bolsonaro, como medida cautelar.
Segundo ele, o pedido inclui ainda a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-presidente e dos demais investigados, com o objetivo de rastrear eventuais valores enviados ao exterior, sob suspeita de desvio de finalidade na arrecadação de recursos via PIX.
A investigação foi iniciada a pedido da PGR, que indicou haver indícios de que Eduardo teria atuado, sobretudo no exterior, com o objetivo de atacar e constranger autoridades do Poder Judiciário brasileiro. Em decisão, Moraes determinou ainda que sejam ouvidos o próprio Eduardo Bolsonaro e o pai dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Esta foi a primeira oitiva oficial realizada no curso da investigação, que busca esclarecer se Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estaria atuando para interferir no andamento do processo que apura uma suposta trama golpista para manter o ex-presidente no poder.