Investigação

Me Too rebate Silvio Almeida e alega que ex-ministro tenta desviar o foco

Ex-chefe da pasta dos Direitos Humanos acusou entidade de ter tentado relação com o ministério. Ele é investigado por assédio sexual e teve denúncias reveladas por ONG 

Silvio Almeida presta depoimento à PF, nesta terça-feira, no âmbito do inquérito em que ele é acusado de assédio sexual -  (crédito: Antônio Cruz/ Agência Brasil)
Silvio Almeida presta depoimento à PF, nesta terça-feira, no âmbito do inquérito em que ele é acusado de assédio sexual - (crédito: Antônio Cruz/ Agência Brasil)

A ONG Me Too Brasil divulgou uma nota, nesta terça-feira (25/2), rebatendo as acusações do ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida — demitido após denúncias de assédio sexual. O ex-chefe da pasta acusou a entidade de ter tentado uma relação com o órgão, por meio de uma licitação do Disque Direitos Humanos, o Disque 100. No entanto, o grupo disse que o advogado estaria "desviando o foco" da investigação da Polícia Federal sobre a sua conduta. 

"O Me Too Brasil não participou de quaisquer licitações, tendo atuado unicamente por meio do envio de recomendações formais estabelecidas entre o Governo Federal e a sociedade civil, com o objetivo de fortalecer as políticas públicas de direitos humanos", afirmou.

A declaração de Silvio Almeida ocorreu nesta semana durante entrevista ao portal UOL. A ONG afirmou que procurou o Ministério dos Direitos Humanos, em setembro do ano ado, mas que a pasta informou  não haver registros de abertura de processos istrativos, auditorias ou identificação de irregularidades na licitação do Disque Direitos Humanos, e que organizações não governamentais, como o Me Too Brasil, não poderiam e nem participaram do processo. 

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“Tanto a nota quanto a entrevista concedida pelo acusado nesta segunda-feira ao UOL configuram tentativas de desviar a atenção dos graves relatos apresentados pelas vítimas de assédio sexual. Essa postura, comum entre acusados de assédio, visa desmoralizar as vítimas e atacar quem traz à tona os abusos, desviando o foco da apuração dos fatos”, disse o Me Too.

Depoimento à PF 

Silvio Almeida presta depoimento à Polícia Federal, nesta tarde, no âmbito do inquérito em que ele é acusado de assédio sexual. A oitiva ocorre na sede da corporação em São Paulo, conduzida por uma delegada de Brasília, por meio de videoconferência. Trata-se da primeira vez que o advogado depõe sobre o caso.

Neste mês, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), adiou por mais 60 dias a investigação. A decisão atendeu a um pedido da PF, que alegou a necessidade de mais tempo para concluir as investigações.  

O inquérito foi aberto em 17 de setembro do ano ado, por ordem de Mendonça. Por se tratar de assédio sexual, as investigações correm em sigilo. O Ministério Público do Trabalho em Brasília e a Comissão de Ética Pública da Presidência também apuram as denúncias.

Silvio Almeida foi demitido da pasta em 6 de setembro, um dia após a ONG Me Too Brasil revelar as denúncias de assédio sexual contra ele. Uma das vítimas seria Anielle Franco. Segundo os relatos das vítimas, episódios de violência sexual incluíam toques nas pernas da ministra, beijos inapropriados e declarações chulas e de conteúdo sexual. 

O ex-ministro também é suspeito de assédio moral durante o tempo que comandou os Direitos Humanos. No dia da demissão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota afirmando que não iria tolerar comportamentos desse tipo. Silvio Almeida nega as acusações. 



Luana Patriolino
postado em 25/02/2025 16:23 / atualizado em 25/02/2025 16:29
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