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Morte de JK: comissão consultará famílias sobre reabertura de caso

Ministério dos Direitos Humanos resolve ouvir parentes do ex-presidente e do motorista dele antes de decidir eventual nova investigação do acidente

Ex-presidente Juscelino Kubitschek: as causas do acidente são consideradas controversas -  (crédito: Arquivo/Correio Braziliense)
Ex-presidente Juscelino Kubitschek: as causas do acidente são consideradas controversas - (crédito: Arquivo/Correio Braziliense)

A Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, ligada ao Ministério dos Direitos Humanos, resolveu que, neste momento, não reabrirá as investigações sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek. O colegiado vai ouvir os familiares do fundador de Brasília antes de tomar uma decisão.

A postura adotada pela comissão representa um recuo, pois a expectativa era de reabertura da apuração. O atraso, que pode resultar em desistência do caso, provocou frustração em personalidades envolvidas na tentativa de elucidar o que de fato aconteceu em 1976, na Via Dutra, que ceifou a vida de um dos políticos mais populares da história brasileira.

Os integrantes da comissão entenderam que as famílias — de JK e do motorista do veículo, Geraldo Ribeiro — devem ser consultadas se desejam participar do processo de investigação.

"A possibilidade de rediscussão do caso em questão será dialogada com as famílias atingidas pelo fato e analisada à luz da legislação vigente no tema memória e verdade", destaca um trecho da ata da reunião desta sexta-feira. Também afirma não haver prazo "para a análise de fatos que tenham repercussão histórica".

O ex-vereador Gilberto Natalini, que presidiu a Comissão da Verdade Municipal de São Paulo, se disse frustrado com a decisão. Ele havai encaminhado ofício solicitando a reabertura do caso, tendo em vista evidências de que a colisão que resultou na morte de JK não foi um acidente. "É uma covardia histórica. Covardia que já ocorreu no governo Dilma e agora acontece de novo", disparou.

Procurado para detalhar a decisão e explicar os votos, o Ministério dos Direitos Humanos não havia respondido aos questionamentos até o fechamento desta edição.

Suspeitas

A decisão de convocar uma reunião para discutir a reabertura do caso ocorreu após informações levantadas pelas comissões da Verdade de São Paulo e de Minas Gerais. O colegiado se encontrou, nesta sexta-feira, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil no Recife.

Diligências feitas durante a ditadura militar avaliaram que a morte de JK foi uma fatalidade. A mesma conclusão teve a Comissão Nacional da Verdade, em 2014, e uma Comissão Externa da Câmara dos Deputados. Porém, novas informações indicam que pode ter ocorrido sabotagem mecânica, intoxicação do motorista do veículo em que estava o ex-presidente ou até mesmo um tiro disparado contra o condutor.

Renato Souza
postado em 15/02/2025 03:55
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