{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/opiniao/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/opiniao/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/opiniao/", "name": "Opinião", "description": "Leia editoriais e artigos sobre fatos importantes do dia a dia com a visão do Correio e de articulistas selecionados ", "url": "/opiniao/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/opiniao/2024/12/7018927-julgamento-em-londres-do-desastre-ecologico-de-mariana.html", "name": "Julgamento em Londres do desastre ecológico de Mariana ", "headline": "Julgamento em Londres do desastre ecológico de Mariana ", "description": "", "alternateName": "Opinião ", "alternativeHeadline": "Opinião ", "datePublished": "2024-12-24T06:00:00Z", "articleBody": "<p class="texto">Rubens Barbosa*</p> <p class="texto">Depois de nove anos, foi concluído o processo de indenização, no valor de R$ 170 milhões, a ser paga pelas empresas Samarco/BHP às famílias e aos municípios pelas consequências do desastre ecológico ocorrido com o rompimento da barragem do Fundão em Mariana. Esse fato não impediu a continuação do processo que corre na Corte de Londres, por iniciativa do escritório de advocacia Pogust Goodhead, pelo qual se busca uma indenização adicional das empresas que poderia chegar a R$ 260 bilhões.</p> <p class="texto">Nos últimos meses, houve diversos desdobramentos dessa questão do ponto de vista jurídico. Em outubro ado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que ações jurídicas no exterior contra o governo são ilegais. Contra a soberania brasileira, os contratos celebrados pelos municípios com os escritórios estrangeiros para o patrocínio das demandas no exterior foram considerados ilegais, em especial quanto à sua adequação ao regime jurídico istrativo e quanto à possibilidade da celebração de contratos de honorários com pagamento pelo sucesso da causa pela istração pública.</p> <p class="texto">O STF confirmou o entendimento de que as contratações violaram o princípio da economicidade, porque se verificou que os municípios assumiram a obrigação de pagar, em termos globais, honorários que podem alcançar cifras na ordem de R$ 54 bilhões, equivalente a 20% do valor estimado das indenizações. Em vista da decisão do STF, quatro municípios que optaram por aderir ao acordo de indenização em novembro, e movem ações contra as mineradoras no exterior, solicitaram ao escritório britânico a exclusão de seus processos e alegam que encontram dificuldades e custos adicionais colocados pela Podgust.</p> <p class="texto">Na semana ada, foram encerradas as atividades da Corte de Londres deste ano, e o julgamento vai ser retomado em janeiro. Nessa etapa do julgamento, a Corte está julgando a responsabilidade (liability) das empresas. Se as empresas forem consideradas responsáveis pelo desastre, haverá um segundo julgamento para definir o valor da causa. Por isso, é provável que o julgamento em Londres se estenda pelo menos até 2028 e, se houver recurso, pode chegar até 2030.</p> <p class="texto">Do ponto de vista político-diplomático, esperava-se que houvesse um pronunciamento do governo brasileiro para mostrar a violação pelo julgamento em Londres de um princípio jurídico básico, segundo o qual não pode haver um julgamento duplo de um mesmo caso. Corrigindo essa omissão, no último dia 11, o Itamaraty, por meio da embaixada em Londres, se manifestou, ao encaminhar ao governo britânico a documentação completa do acordo para a total e definitiva reparação relacionada com o colapso da barragem do Fundão, ratificada pelo STF, em 6 de novembro ado. A pedido do STF, a embaixada solicitou ao Foreign Office que o acordo, "o maior e o mais abrangente já assinado sobre um desastre ecológico", seja encaminhado para conhecimento da Corte Britânica de Negócios e Propriedade e a Corte de Tecnologia e Construção, nas quais o processo está sendo examinado.</p> <p class="texto">A ação na Corte de Londres ignora e desqualifica o sistema de justiça brasileiro, arranhando a soberania nacional. O assunto se constitui em um precedente jurídico que afeta os interesses brasileiros não só do ponto de vista jurídico e político-diplomático, mas também econômico, pelo impacto sobre as empresas e sobre os investimentos no Brasil em vista da insegurança jurídica que uma decisão contrária às mineradoras poderia representar. </p> <p class="texto">A manifestação oficial do governo brasileiro é importante, mas poderá não ser suficiente para encerrar a tramitação do processo na Corte londrina, que se declarou competente para julgar essa demanda. Em complemento, o governo brasileiro deveria fazer gestões oficiais junto ao governo britânico para ressaltar o dano à soberania nacional em virtude da desconsideração pela Corte londrina da decisão do STF e pelo duplo julgamento da mesma questão. Em uma ação adicional, o governo brasileiro e o STF deveriam manter a firme defesa da soberania nacional a fim de assegurar que o Brasil continuará a atrair investimento externo para permitir o crescimento da economia. </p> <p class="texto">Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior*<br /></p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/opiniao/2024/12/7018927-julgamento-em-londres-do-desastre-ecologico-de-mariana.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/11/06/57757-41440294.jpg?20241223180041" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Julgamento em Londres do desastre ecológico de Mariana </span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/12/7019025-visao-do-correio-seguranca-nas-estradas-e-medida-urgente.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/12/21/acidente-43394140.jpeg?20241223194041" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Visão do Correio: Segurança nas estradas é medida urgente</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/12/7019036-cancoes-natalinas.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/12/13/mj1312_58-43006352.jpg?20241223201404" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Canções natalinas </span> </div> </a> </li> </ul> </div></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/11/06/1200x801/1_57757-41440294.jpg?20241223180041?20241223180041", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/11/06/1000x1000/1_57757-41440294.jpg?20241223180041?20241223180041", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/11/06/800x600/1_57757-41440294.jpg?20241223180041?20241223180041" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Opinião", "url": "/autor?termo=opiniao" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 5y1722

Julgamento em Londres do desastre ecológico de Mariana 2m2e5v
Opinião

Julgamento em Londres do desastre ecológico de Mariana 2m2e5v

O assunto se constitui em um precedente jurídico que afeta os interesses brasileiros não só do ponto de vista jurídico e político-diplomático, mas também econômico 3t1c2s

Rubens Barbosa*

Depois de nove anos, foi concluído o processo de indenização, no valor de R$ 170 milhões, a ser paga pelas empresas Samarco/BHP às famílias e aos municípios pelas consequências do desastre ecológico ocorrido com o rompimento da barragem do Fundão em Mariana. Esse fato não impediu a continuação do processo que corre na Corte de Londres, por iniciativa do escritório de advocacia Pogust Goodhead, pelo qual se busca uma indenização adicional das empresas que poderia chegar a R$ 260 bilhões.

Nos últimos meses, houve diversos desdobramentos dessa questão do ponto de vista jurídico. Em outubro ado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que ações jurídicas no exterior contra o governo são ilegais. Contra a soberania brasileira, os contratos celebrados pelos municípios com os escritórios estrangeiros para o patrocínio das demandas no exterior foram considerados ilegais, em especial quanto à sua adequação ao regime jurídico istrativo e quanto à possibilidade da celebração de contratos de honorários com pagamento pelo sucesso da causa pela istração pública.

O STF confirmou o entendimento de que as contratações violaram o princípio da economicidade, porque se verificou que os municípios assumiram a obrigação de pagar, em termos globais, honorários que podem alcançar cifras na ordem de R$ 54 bilhões, equivalente a 20% do valor estimado das indenizações. Em vista da decisão do STF, quatro municípios que optaram por aderir ao acordo de indenização em novembro, e movem ações contra as mineradoras no exterior, solicitaram ao escritório britânico a exclusão de seus processos e alegam que encontram dificuldades e custos adicionais colocados pela Podgust.

Na semana ada, foram encerradas as atividades da Corte de Londres deste ano, e o julgamento vai ser retomado em janeiro. Nessa etapa do julgamento, a Corte está julgando a responsabilidade (liability) das empresas. Se as empresas forem consideradas responsáveis pelo desastre, haverá um segundo julgamento para definir o valor da causa. Por isso, é provável que o julgamento em Londres se estenda pelo menos até 2028 e, se houver recurso, pode chegar até 2030.

Do ponto de vista político-diplomático, esperava-se que houvesse um pronunciamento do governo brasileiro para mostrar a violação pelo julgamento em Londres de um princípio jurídico básico, segundo o qual não pode haver um julgamento duplo de um mesmo caso. Corrigindo essa omissão, no último dia 11, o Itamaraty, por meio da embaixada em Londres, se manifestou, ao encaminhar ao governo britânico a documentação completa do acordo para a total e definitiva reparação relacionada com o colapso da barragem do Fundão, ratificada pelo STF, em 6 de novembro ado. A pedido do STF, a embaixada solicitou ao Foreign Office que o acordo, "o maior e o mais abrangente já assinado sobre um desastre ecológico", seja encaminhado para conhecimento da Corte Britânica de Negócios e Propriedade e a Corte de Tecnologia e Construção, nas quais o processo está sendo examinado.

A ação na Corte de Londres ignora e desqualifica o sistema de justiça brasileiro, arranhando a soberania nacional. O assunto se constitui em um precedente jurídico que afeta os interesses brasileiros não só do ponto de vista jurídico e político-diplomático, mas também econômico, pelo impacto sobre as empresas e sobre os investimentos no Brasil em vista da insegurança jurídica que uma decisão contrária às mineradoras poderia representar. 

A manifestação oficial do governo brasileiro é importante, mas poderá não ser suficiente para encerrar a tramitação do processo na Corte londrina, que se declarou competente para julgar essa demanda. Em complemento, o governo brasileiro deveria fazer gestões oficiais junto ao governo britânico para ressaltar o dano à soberania nacional em virtude da desconsideração pela Corte londrina da decisão do STF e pelo duplo julgamento da mesma questão. Em uma ação adicional, o governo brasileiro e o STF deveriam manter a firme defesa da soberania nacional a fim de assegurar que o Brasil continuará a atrair investimento externo para permitir o crescimento da economia. 

Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior*

Mais Lidas 6i191b