
Um técnico com sobrenome de pintor, escultor, arquiteto e poeta é o novo responsável por modelar a sexta estrela do Brasil na Copa do Mundo em 2026. Você o conhece como Carlo Ancelotti, mas a certidão de nascimento do italiano de 65 anos nascido em Reggiolo, na região da Emília-Romagna, tem uma alcunha quase despercebida: Michelangelo.
Se a abóbada da Capela Sistina é a principal obra de Michelangelo, o hexa pode representar a apoteose biográfica do único técnico pentacampeão da Champions League, vencedor das cinco principais ligas nacionais da Europa — Alemão, Espanhol, Francês, Inglês e Italiano — e mestre de cinco eleitos Ballon D’Or e/ou ou Fifa The Best: Shevchenko, Kaká, Cristiano Ronaldo, Benzema e Vinicius Júnior.
O tecido amarelo da camisa da Seleção aguardava havia 33 anos pelo pagamento de uma dívida. Em 15 de maio de 1992, o Brasil foi o convidado de honra da despedida de Ancelotti do futebol em um amistoso contra o Milan, no San Siro. O time comandado à época por Parreira pintou e bordou a vitória por 1 x 0, gol de Careca, e estragou a cerimônia.
O italiano tem outra queixa. Em 1994, ele era uma dos auxiliares de Arrigo Sacchi na final da Copa ontra o Brasil. O tetra verde-amarelo frustrou o assistente. Ao lado de Sacchi, ele surge no gramado para consolar Roberto Baggio, o protagonista da última cobrança no Rose Bowl, em Pasadena. Carlo Ancelotti aceitou comandar o Brasil na tentativa de curar traumas causados pela Copa.
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Uma lesão o deixou fora da lista de Enzo Bearzot em 1982. Inscrito em 1986, não entrou em campo novamente por causa de contusão. Na de 1990, em casa, o meia disputou três partidas contra Áustria, Irlanda e Inglaterra na campanha do terceiro lugar da Squadra Azzurra.
O convite do presidente Ednaldo Rodrigues, mexeu com a vaidade de Ancelotti. Depois de idas e vindas provocadas pela insegurança jurídica na CBF, a contratação foi oficializada, ontem, com salário estimado de R$ 5 milhões por mês — o maior entre treinadores de seleções — e validade até 14 de julho de 2026, data da final da Copa, no MetLife Stadium, na sede de New Jersey/Nova Yord. Uma cláusula possibilita renovação até a edição centenária da Copa do Mundo, em 2030. Carlo Ancelotti comandará o Real Madrid até o fim do Campeonato Espanhol.
No próximo dia 26, ele convocará o Brasil para os duelos contra o Equador, em 5 de junho, no Estádio Monumental, em Guayaquil. Na sequência, a Seleção receberá o Paraguai, na Neo Química, no dia 10, em uma data especial para ele: o aniversário de 66 anos. O anúncio da contratação pela CBF contrastou com o silêncio de Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, e do clube espanhol e do próprio Ancelotti.
Espera-se que ele fale sobre Seleção na entrevista coletiva de hoje, véspera da partida de amanhã contra o Mallorca, pela antepenúltima rodada do Espanhol. A diretoria merengue prepara o anúncio de Xabi Alonso, ex-Bayer Leverkusen, para sucedê-lo. Nos bastidores, Ancelotti conta com a retaguarda do diretor de seleções, Rodrigo Caetano, e do assistente fixo da CBF, Juan, para ajudá-lo na elaboração da lista para a Data Fifa de junho. “Vamos debater todas as questões técnicas e operacionais.
Isso inclui a elaboração da lista larga, que será divulgada até o dia 18, e a lista final com os 23 convocados, no dia 26. Será uma oportunidade para definir todos os detalhes com Carlo Ancelotti e os profissionais que farão parte da comissão técnica da Seleção Brasileira”, afirmou Caetano, em entrevista ao site da CBF.
Primeira e única opção de Ednaldo Rodrigues desde o fim da era Tite na Copa de 2022, Ednaldo Rodrigues comemorou o maior feito da tumultuada gestão em um ciclo marcado por dois técnicos interinos (Ramon Menezes e Fernando Diniz) e Dorival Júnior (demitido). “Ele é o maior técnico da história e, agora, está à frente da maior seleção do planeta. Juntos, escreveremos novos capítulos gloriosos do futebol brasileiro,” orgulhou-se.
Zico
Quarto técnico estrangeiro na história da Seleção depois do português Joreca, do uruguaio Ramón Platero e do argentino Filpo Núñez, Ancelotti foi celebrado por Arthur Antunes Coimbra, o Zico. “Sempre fui favorável a ele caso fosse um estrangeiro. Grande nome! Está mais do que acostumado a trabalhar com brasileiros e adora o futebol brasileiro. Foi técnico de muitos brasileiros, continua sendo. Então, é um cara com uma competência fantástica. A Seleção Brasileira vai mudar totalmente”, disse ao Correio.