
O desempenho negativo de boa parte dos times brasileiros no fim de semana de jogos da Libertadores e da Sul-Americana acendeu o alerta a respeito da oscilação de desempenho. No entanto, a questão parece ir muito além do viés técnico. Com bastante milhagem acumulada em apenas quatro meses de temporada, os elencos do país começam a acusar cansado físico e mental, provocando preocupação a respeito da insaciável rotina prevista para as semanas restantes antes da parada do calendário nacional para a disputa da Copa do Mundo da Fifa.
Levantamento do Correio atesta como boa parte dos integrantes da Série A do Campeonato Brasileiro está com sobrecarga de partidas e com um calendário apertado até 12 de junho. A intertemporada será tempo de recuperação e férias para 16 clubes. As exceções são Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras. Classificados para a disputa do novo modelo de Mundial, as equipes terão uma sequência ainda mais desgastante e planejam maneiras de evitar o desgaste excessivo dos jogadores dos elencos.
As competições internacionais, inclusive, são as grandes vilãs do cansaço. Sem jogos da Libertadores e da Sul-Americana, Bragantino, Mirassol, Juventude e Santos têm menos jogos no ano. Mesmo na Sula, o Cruzeiro entra na lista pelo desempenho ruim no estadual. Vice-líder do Brasileirão, o Massa Bruta joga hoje, às 18h30, contra o Grêmio, alimentando a chance de terminar o dia na ponta. Em entrevista ao programa Seleção SporTV, o técnico Fernando Seabra destacou, justamente, o combustível extra como diferencial na campanha. "O grande desafio é o calendário. Quando joga demais, treina pouco e fica mais difícil de desenvolver o funcionamento coletivo e apurar o repertório individual. A vantagem é que nossa agenda está enxuta", pontuou.
Há alguns cenários entre as equipes com mais jogos. Presentes em torneios da Conmebol e finalistas de estaduais, Bahia, Corinthians e Vitória vão chegar à pausa com a marca de 40. A dupla de Salvador tem o plus da Copa do Nordeste. Com partidas atrasados no regional, o tricolor é quem mais vai entrar em campo até o Brasileirão parar: 10 vezes. O técnico Rogério Ceni destacou a questão. "A nossa sequência vem dura há muito tempo. Vamos precisar nos reerguer. Precisamos pensar o que fazer contra o Flamengo (hoje, às 21h, no Maracanã), contar com a recuperação mental e física do time. Os jogadores vão se desgastando", advertiu.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Mundial de Clubes
Se a missão é complexa para quem terá um mês de paralisação entre junho e julho, os classificados para a Copa do Mundo têm um futuro ainda mais sobrecarregado. Finalistas de estaduais, participando da Copa do Brasil, envolvidos em torneios sul-americanos e lutando por pontos no Brasileirão, Flamengo, Fluminense e Palmeiras perseguem de perto os times com mais jogos no ano. O trio não os ará antes da pausa, mas também não terá o benefício dos dias livres: são, pelo menos, três jogos da fase de grupos nos Estados Unidos, enquanto os concorrentes nacionais vão priorizar descanso e treinos. Mesmo eliminado precocemente no Carioca, o Botafogo não fica atrás, devido à participação na Supercopa e na Recopa.
O tropeço contra o Central Córdoba acendeu o alerta dos prejuízos no técnico rubro-negro Filipe Luís. "Tecnicamente não estivemos bem, depois, fisicamente, também sentimos. A verdade é que sentimos. Não estamos no nosso melhor momento", ressaltou. Mesmo surfando em uma sequência de bons resultados, o palmeirense Abel Ferreira, antigo crítico do calendário, também alertou sobre a sequência de partidas. "Não dá pra tirar o pé do acelerador. É continuar a preparar, rodar quem temos que resolver rodar e continuar com hábito de ganhar. Isso que vamos fazer, independentemente se já amos (às oitavas da Libertadores) ou não. O próximo jogo é já em três dias (amanhã, às 17h30, no Brasileirão, contra o São Paulo) e não há outra forma."