GUERRA TARIFÁRIA

Casa Branca reforça ameaça de demissão de Jerome Powell

Após Trump falar em demitir presidente do Fed, membro do governo ite estudo de mudanças na política monetária dos EUA

Powell assumiu o comando do Fed em 2018, indicado por Trump, e foi reconduzido por Biden em 2022 -  (crédito:  AFP)
Powell assumiu o comando do Fed em 2018, indicado por Trump, e foi reconduzido por Biden em 2022 - (crédito: AFP)

O governo dos Estados Unidos avalia demitir o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, em mais uma mudança patrocinada por Donald Trump. Ontem, o diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, principal assessor econômico da Casa Branca, afirmou que o republicano e sua equipe "continuarão analisando o assunto".

A possibilidade vem na esteira de críticas de Trump sobre a lentidão na redução dos juros no país. Ele também acusa Powell de estar "fazendo política". Em janeiro, pouco depois da posse do republicano, o Fed interrompeu o ciclo de cortes iniciado em setembro de 2024. Em março, a taxa de juros americana foi mantida entre 4,25% e 4,5%, na segunda reunião seguida de manutenção da taxa.

"Se eu quiser tirá-lo, ele estará fora bem rápido, acredite", disse Trump a repórteres no Salão Oval da Casa Branca na quinta-feira, ao ser questionado sobre Powell. "O fim do mandato de Powell não pode acontecer de modo rápido o suficiente", escreveu em sua plataforma Truth Social. "Tarde demais, deveria ter reduzido as taxas de juros, como o BCE (Banco Central Europeu), há muito tempo, mas certamente deveria reduzi-las agora", emendou.

As incertezas geradas pelas tarifas de importação impostas por Trump têm impacto direto na inflação, tornando o cenário mais incerto para a redução dos juros. O tamanho da dívida americana é outra preocupação de Trump e, com juros mais altos, a dívida dos Estados Unidos também fica maior.

Powell já sinalizou que a política comercial do presidente são risco para as metas do Fed. Segundo ele, a guerra tarifária pode complicar a capacidade da instituição de controlar a inflação e, ao mesmo tempo, maximizar o mercado de trabalho. "As tarifas são maiores do que aquelas que os analistas previam e certamente maiores do que esperávamos, mesmo no nosso cenário mais extremo", declarou.

Desde a campanha eleitoral, o republicano vem se mostrando resistente ao mandato de Powell, dizendo que não o reconduziria ao cargo. O atual presidente do Fed foi indicado pelo próprio Trump em seu primeiro mandato, assumindo em 2018. Em 2022, ele foi reconduzido pelo democrata Joe Biden. O atual mandato acaba em 2026.

Conselheiros de Trump teriam o alertado de que uma eventual demissão de Powell seria problemática tanto do ponto de vista legal quanto financeiro, causando uma queda significativa nos mercados.

O Fed é uma instituição independente do governo americano e tem um modelo parecido com o adotado no Brasil a partir de 2021, quando ou a valer a independência do Banco Central brasileiro. O presidente não pode demitir um dirigente de uma agência independente, no entanto, o governo Trump tenta derrubar essa proibição.

Tarifas portuárias

O governo dos Estados Unidos anunciou novas tarifas portuárias sobre navios construídos e operados pela China, em uma aposta para impulsionar a indústria naval nacional e conter o domínio do país asiático no setor.

A medida, que deriva de uma investigação iniciada sob o governo anterior de Joe Biden, é divulgada no momento em que Estados Unidos e China estão envolvidos em plena guerra comercial, em decorrência das tarifas impostas às importações por Donald Trump.

"Os navios e o transporte marítimo são vitais para a segurança econômica dos Estados Unidos e para o livre fluxo do comércio", declarou o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, em comunicado. Segundo ele, a maioria das tarifas entrará em vigor em meados de outubro.

Com as novas regras, tarifas serão aplicadas por tonelada ou por contêiner, e cobradas por cada visita aos Estados Unidos, não por cada porto onde os navios atracam. As taxas terão um limite de cinco vezes ao ano e os proprietários poderão receber uma isenção, caso façam um pedido de navio construído nos Estados Unidos. (Com informações da AFP)

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postado em 19/04/2025 03:58
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