
O governo dos Estados Unidos avalia demitir o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, em mais uma mudança patrocinada por Donald Trump. Ontem, o diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, principal assessor econômico da Casa Branca, afirmou que o republicano e sua equipe "continuarão analisando o assunto".
A possibilidade vem na esteira de críticas de Trump sobre a lentidão na redução dos juros no país. Ele também acusa Powell de estar "fazendo política". Em janeiro, pouco depois da posse do republicano, o Fed interrompeu o ciclo de cortes iniciado em setembro de 2024. Em março, a taxa de juros americana foi mantida entre 4,25% e 4,5%, na segunda reunião seguida de manutenção da taxa.
"Se eu quiser tirá-lo, ele estará fora bem rápido, acredite", disse Trump a repórteres no Salão Oval da Casa Branca na quinta-feira, ao ser questionado sobre Powell. "O fim do mandato de Powell não pode acontecer de modo rápido o suficiente", escreveu em sua plataforma Truth Social. "Tarde demais, deveria ter reduzido as taxas de juros, como o BCE (Banco Central Europeu), há muito tempo, mas certamente deveria reduzi-las agora", emendou.
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As incertezas geradas pelas tarifas de importação impostas por Trump têm impacto direto na inflação, tornando o cenário mais incerto para a redução dos juros. O tamanho da dívida americana é outra preocupação de Trump e, com juros mais altos, a dívida dos Estados Unidos também fica maior.
Powell já sinalizou que a política comercial do presidente são risco para as metas do Fed. Segundo ele, a guerra tarifária pode complicar a capacidade da instituição de controlar a inflação e, ao mesmo tempo, maximizar o mercado de trabalho. "As tarifas são maiores do que aquelas que os analistas previam e certamente maiores do que esperávamos, mesmo no nosso cenário mais extremo", declarou.
Desde a campanha eleitoral, o republicano vem se mostrando resistente ao mandato de Powell, dizendo que não o reconduziria ao cargo. O atual presidente do Fed foi indicado pelo próprio Trump em seu primeiro mandato, assumindo em 2018. Em 2022, ele foi reconduzido pelo democrata Joe Biden. O atual mandato acaba em 2026.
Conselheiros de Trump teriam o alertado de que uma eventual demissão de Powell seria problemática tanto do ponto de vista legal quanto financeiro, causando uma queda significativa nos mercados.
O Fed é uma instituição independente do governo americano e tem um modelo parecido com o adotado no Brasil a partir de 2021, quando ou a valer a independência do Banco Central brasileiro. O presidente não pode demitir um dirigente de uma agência independente, no entanto, o governo Trump tenta derrubar essa proibição.
Tarifas portuárias
O governo dos Estados Unidos anunciou novas tarifas portuárias sobre navios construídos e operados pela China, em uma aposta para impulsionar a indústria naval nacional e conter o domínio do país asiático no setor.
A medida, que deriva de uma investigação iniciada sob o governo anterior de Joe Biden, é divulgada no momento em que Estados Unidos e China estão envolvidos em plena guerra comercial, em decorrência das tarifas impostas às importações por Donald Trump.
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"Os navios e o transporte marítimo são vitais para a segurança econômica dos Estados Unidos e para o livre fluxo do comércio", declarou o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, em comunicado. Segundo ele, a maioria das tarifas entrará em vigor em meados de outubro.
Com as novas regras, tarifas serão aplicadas por tonelada ou por contêiner, e cobradas por cada visita aos Estados Unidos, não por cada porto onde os navios atracam. As taxas terão um limite de cinco vezes ao ano e os proprietários poderão receber uma isenção, caso façam um pedido de navio construído nos Estados Unidos. (Com informações da AFP)
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