
Do underground para a liderança de um movimento crucial para música nacional, o Mundo Livre S/A se tornou uma das bandas mais importantes do nordeste brasileiro. O grupo traz manguebeat para Brasília esta quinta, mas não apenas na música. Afinal, eles farão o show da mais nova turnê na Infinu, mas também terão a biografia lançada na Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles (BDB), do Ministério da Cultura.
O Mundo Livre S/A foi um dos grande nomes do manguebeat, o princípio do movimento veio do vocalista da banda, Fred 04, que escreveu o manifesto em 1992. A banda foi fundada em 1985 e, junto com Chico Science e Nação Zumbi, foi responsável por uma forma de pensar música brasileira, principalmente nordestina, completamente distinta. "O manguebeat, na minha visão, sempre foi a diversidade ,multiculturalismo e o espírito de buscar o máximo a originalidade", explica Fred 04 em entrevista ao Correio.
Em 2025, 40 anos depois, eles colhem os frutos de sempre terem apostado na novidade e na multiplicidade para reger a banda. "Você não tem um disco do Mundo Livre que é de folk, punk, samba ou hardcore. Todos os nossos álbuns têm uma pegada de ecletismo, hibridismo e multiplicidade", crava o cantor.
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Na toada de comemorar o tempo de estrada e manter a verdade que já é esperada, o Mundo Livre pensou a turnê Do punk ao mangue, em que misturam as próprias músicas com versões revisadas de referências que moldaram o gosto musical dos integrantes da banda. "Eu quero trazer para essas obras que estou reprocessando um sotaque do Nordeste. É um processo natural, onde a gente, espontânea e instintivamente, dá um caráter que vai se associar a nossa bagagem", antecipa Fred. "Essa turnê mantém e tenta ampliar essa pegada que seguimos durante todo esse tempo", completa.
Do som para as páginas
O nome da turnê não é à toa, este é o mesmo título do livro que conta a história do grupo: Mundo Livre S/A 4.0 - do punk ao mangue. Escrito por Pedro de Luna, o livro é uma arqueologia da banda. O autor entrevistou 75 pessoas e buscou acervos para chegar ao produto final. "Do punk ao mangue reconstrói a trajetória de 40 anos de uma banda subestimada, de músicos improváveis, que chegaram perto da fama com o hit Meu Esquema, mas voltaram para o rock underground sim, onde seguem vivos e ativos", destaca Pedro de Luna ao Correio.
"Foram dois anos de trabalho duro, mas bem sucedido. Agora é possível mergulhar a fundo na história do manguebit e dos seus mangueboys, entre eles os punks de Candeias", conta o autor. "O livro tem 552 páginas ricamente ilustradas com fotos, flyers, credenciais, ingressos, stills, reportagens.
Essas imagens inéditas deixaram a obra bonita, atraente e histórica. Junto com uma narrativa lúdica, didática e embasada, mas também divertida. Para leitura fluir como um caranguejo à beira-mar", complementa.
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O escritor se apaixonou pelas histórias vividas nos 40 anos de estrada da banda e lembra delas sempre que possível. "O livro traz o relato de uma viagem muito doida pelo interior de Pernambuco, a primeira vez em Salvador andando na Kombi sem bancos de um pet shop, e o show para esquecer em Fernando de Noronha", relata. Porém, o poder do livro é exaltar a importância desse grupo que, da própria forma, emergiu do underground para mudar a música brasileira. "A história do Mundo Livre S/A se mistura com a história do nordeste brasileiro e do Brasil de várias maneiras", acredita Pedro. O autor também fará um lançamento do livro no domingo (25/5), na Livraria Platô.
Depoimentos
"A banda foi formada em uma região sem nenhuma tradição de música pop, rock, ou punk e que só existia indústria fonográfica por conta da grande fábrica de discos Rozenblit, que existia por volta dos anos 1950 e 1960. Considerando toda essa condição sócio geográfica de uma banda, que gravou o primeiro álbum sem instrumentos profissionais, vendo que ao longo desse período acumulamos prêmios como o APCA e o Prêmio da Música Brasileira, que viajamos e ainda fazemos turnês internacionais onde já tocamos em alguns dos principais palcos dos Estados Unidos e Europa, e que eamos pelo Brasil e fizemos amigos e vimos pessoas que poderiam ser meus filhos pedindo para eu vinis, então o sentimento é de dever cumprido. Em certo sentido, temos um orgulho e a percepção é de que, apesar dos percalços, a gente se sente realizado cada vez que subimos no palco", Fred 04, vocalista da Mundo Livre S/A.
"Desde o lançamento do meu primeiro livro, em 2012, que eu vou a Brasília para fazer eventos. Em 2018, tive a alegria de lançar duas biografias na cidade, uma sobre os 20 anos do festival Porão do Rock, chamada Histórias do Porão, e outra da banda Planet Hemp, que foi presa na capital. Não à toa, esse livro se chama Mantenha o Respeito. Agora, com a biografia do Mundo Livre S/A, torna-se ainda mais especial. Primeiro, porque o evento na BDB será antes do show da banda no Infinu. Segundo, porque Brasília é uma cidade que sempre acolheu os pernambucanos. Foram muitos shows do MLSA na capital, inclusive no Porão do Rock. Terceiro, porque muitos moradores de Brasília participaram do crowdfunding que viabilizou o meu novo livro. Quarto, porque serão dois encontros: quinta, às 18h na BDB e domingo, às 16h20 na livraria Platô, na SQS 205. Entrada franca e livro a R$ 130", Pedro de Luna, biógrafo responsável pelo livro Mundo Livre S/A 4.0 - do punk ao mangue.
Show Mundo Livre S/A 4.0 — do punk
ao mangue
Quinta-feira (22/5), às 20h,
na Infinu Comunidade Criativa (506 sul). Ingressos: R$ 120.
Lançamento
Mundo Livre S/A
4.0 - do punk
ao mangue
Quinta-feira (22/5), às 18h, na Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles (506 sul). Entrada gratuita. O livro estará à venda por R$ 130 no Pix, dinheiro ou cartão.