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Sebastião Salgado completa 80 anos com obra monumental e humana 3a1de
Fotografia

Sebastião Salgado completa 80 anos com obra monumental e humana 5w224k

Sebastião Salgado completa 80 anos com uma obra que faz um estado da arte em um dos momentos mais delicados da história do planeta e da humanidade 49593a

Centenas de homens quase pelados sobem escadas precárias em madeira ao mesmo tempo em que carregam sacos de areia na cabeça. Rios em forma de serpente cortam matas densas e brilhantes. Mulheres e crianças, muitas descalças, fazem filas infinitas à espera de água. É possível, porém improvável, que um internauta do século 21 nunca tenha se deparado com uma dessas imagens de Sebastião Salgado. Há mais de cinco décadas o fotógrafo mineiro radicado em Paris faz do planeta e do homem um objeto de estudo e de adoração fascinantes. Aos 80 anos, que completa hoje, Salgado pode até ser o fotógrafo mais famoso do mundo, mas está longe de ser apenas isso. A fotografia é uma das últimas etapas de um compromisso que começa com a ética perante o outro e a natureza e a por ações como o reflorestamento de centenas de hectares e a contribuição com dezenas de organizações empenhadas em fazer com que alguma equidade possa ser estabelecida entre os homens.

Renato Amoroso -
Sebastião Salgado -

Um dos primeiros livros publicados por Salgado foi Outras Américas, em 1986. As imagens traziam registros de como viviam os índios e camponeses do continente, mas não eram a estreia do fotógrafo, que foi morar em Paris no fim da década de 1960, em fuga da ditadura. Formado em economia pela Universidade de São Paulo (USP), o mineiro de Aimorés começou a fotografar por hobby e, bastante rapidamente, ou a fazer parte do quadro de algumas das maiores agências de fotografia do mundo. Para a Gamma, registrou a Revolução dos Cravos em Portugal, em 1974, e para a lendária Magnum, na qual trabalhou entre 1977 e 1984, viajou pela América Latina. Também ou pela Sygma e, nos anos 1980, foi o repórter do The New York Times designado para cobrir os primeiros 100 dias do governo Ronald Reagan, em 1981.

Salgado trabalhou ainda com o Médico sem Fronteiras, durante 15 meses, na região do Sahel, na África. De lá trouxe as imagens do livro Sahel: o homem em agonia, mas foi com o monumental Trabalhadores, publicado no início da década de 1990, que o nome do fotógrafo ganhou o mundo e o coração do público. Depois viriam Terra, Êxodos, Gênesis e Amazônia, que renderam megaexposições e correram o planeta sempre acompanhadas de entrevistas e textos nos quais o fotógrafo explica as escolhas e, sobretudo, tenta colocar em primeiro plano as problemáticas explicitadas nas fotografias.

Trabalhadores 4z424i

A vida dos trabalhadores manuais e as condições difíceis e cruéis de certas atividades laborais é o tema deste projeto, que ocupou seis anos da vida do fotógrafo. O mineradores da Serra Pelada, os apagadores de incêndio nos poços de petróleo do Kwait, a colheita das folhas de chá em Ruanda e a do tabaco em Cuba, os operários que retiram enxofre de vulcões em Java e a reciclagem de metais de navios em Bangladesh aram pelas lentes do fotógrafo. É parte deste trabalho, realizado entre 1986 e 1992, que o Sesi Lab apresenta em exposição que fica em cartaz até 10 de março. A mostra em Brasília já foi vista por mais de 115 mil visitantes. "Quando estava fazendo Trabalhadores, eu vi que estava fazendo o fim da primeira grande revolução industrial", contou Salgado, em entrevista ao Correio em 2022. "Era a chegada das máquinas inteligentes substituindo o homem, um desemprego massivo na linha de produção na Europa. Era algo extraordinário. Tomei a decisão de fotografar o fim dessa primeira grande revolução e vi que a indústria pesada, de aço, do automóvel estava saindo daqui e ia se fixar no Brasil, China, Ásia, em países com grande quantidade de mão de obra barata e matéria prima". Durante o projeto, ele se deu conta das imensas ondas migratórias que o fenômeno geraria e começou a imaginar Êxodos.

Êxodos 3p5s6v

Durante seis anos, Salgado percorreu 35 países para documentar a trajetória de pessoas deslocadas de seus territórios de origem em consequências de guerras, desastres naturais e crises econômicas e políticas. "Terminando Trabalhadores, comecei a fotografar Êxodos, que é a história imensa dessa grande corrente migratória. Através do Êxodos chegou o Gênesis, um trabalho sempre engatando outro", explicou o fotógrafo, em entrevista ao Correio em 2022. De São Paulo à África Subsaariana, ando por Afeganistão, Egito, México, Líbia e Índia, as fotografias são um enorme documento sobre um momento dramático e crucial da história da humanidade.

Gênesis 58y6o

A parte do planeta ainda intocada, os modos de vida tradicionais, a natureza em seu estado prístino, uma palavra que Salgado gosta de usar, ocuparam o fotógrafo entre 2004 e 2012 em um projeto que pretendia mostrar como era bonita e essencial a parte do planeta ainda preservada da destruição humana. Salgado tinha a esperança de que, ao se deparar com as imagens, o mundo se desse conta da necessidade real de preservação. Foram mais de 32 viagens, por terra, mar e água, em busca de povos, da flora e da fauna originais nos locais mais remotos da Terra. Os korowaide da Papua Nova Guiné, os nômades do Sudão, as geleiras ainda de pé nos extremos do planeta, as comunidades florestais de Sumatra, pela lente do fotógrafo aram cenas e paisagens nunca antes registradas em fotografias.

Amazônia 4w2dz

Das quase 200 etnias remanescentes na Amazônia, Sebastião Salgado esteve com 12 para realizar este projeto, cujas primeiras imagens foram feitas em 1998. Esse é o trabalho mais recente do fotógrafo, fruto de 46 viagens em busca, sobretudo, da beleza da floresta e seus habitantes, mas também da devastação causada pela interferência humana, responsável pelo desmatamento que já atingiu quase 20% da mata. Em entrevista ao Correio concedida em junho de 2022, Salgado contou como a origem desse projeto estava presente em sua mente há muito tempo. "Tive a oportunidade imensa, quando fui fazer Gênesis, de conhecer uma grande parte do lado prístino do nosso planeta e isso me levou à Amazônia", disse o fotógrafo.

 


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