
Idealizado por Oscar Niemeyer para ser um símbolo da democracia e um manifesto político em concreto, o Palácio do Congresso Nacional celebra 65 anos de existência na próxima segunda-feira, juntamente com Brasília. Para celebrar a data, a Casa abriu, ontem, suas portas ao público com um roteiro inédito de visitação. O tour tem uma hora de duração e inclui um eio guiado a espaços normalmente s, como a rampa das cúpulas do Congresso e a Capela Ecumênica. A programação vai até 21 de abril e tem saída do Salão Nobre, a partir das 17h15, com 30 vagas por tour, por ordem de chegada.
O itinerário a pelo Cafezinho do Plenário, que tem o durante as visitas tradicionais. É nesse espaço informal, onde parlamentares conversam longe dos holofotes, que políticos, assessores e jornalistas travam debates acalorados e fecham acordos. Seguindo pelo plenário Ulysses Guimarães, principal espaço de deliberação da Câmara dos Deputados, os visitantes am a rampa das cúpulas do Palácio, abertas excepcionalmente para o roteiro especial.
A visita segue pelo corredor Tereza de Benguela, onde há uma exposição com a projeção de fotos da transferência da Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro para Brasília, e a pelo túnel subterrâneo, com esteiras rolantes que levam ao Anexo IV, onde está a maior parte dos gabinetes dos deputados federais. O tour vai até o 10º andar do anexo, onde está a Capela Ecumênica, desenhada por Oscar Niemeyer, com vitral de Marianne Peretti, e termina na sala da Comissão de Constituição e Justiça, no Anexo II.
Capital de todos
A programação especial atrai turistas de todo o Brasil. A professora universitária Poliana Cardoso é de Curitiba e explica que aproveitou o feriado para conhecer a cidade. Para ela, a visita ao Congresso Nacional representa o sonho da construção de Brasília. "Foi sonhado um país aqui. Então, me emociono ao ver as possibilidades que a gente tem, como cidadão, de conhecer muito de perto como a vida do país é tocada", comentou.
Para a professora, a parte mais emocionante do tour foi a visita à obra Candangos, de Emiliano Di Cavalcanti. "Brasileiros de todo país vieram para construir esta capital. É muito bonito pensar que, no meio do Planalto Central, quando não tinha nada, alguém sonhou que aqui poderia ter uma capital. Eu me emocionei, porque a obra representa como Brasília é a capital de todos", explicou.
A bancária Rafaela Santos, 33, veio de Recife e não sabia da comemoração. "Não tinha ideia de que 21 de abril é aniversário da cidade, mas é muito especial para mim estar aqui", disse. Na opinião dela, a principal mensagem que ficou depois da visita é de uma democracia ainda mais participativa. "Torço para que seja um local onde, cada vez mais, sejam tomadas decisões que beneficiem a população", completou.
Patrimônio
Monitor do programa de visitação do Congresso Nacional, Lucas Bergo, 27, explica que a proposta do roteiro é valorizar o patrimônio arquitetônico e institucional da sede do Legislativo. "É um orgulho muito grande poder mostrar para a população o nosso palácio, os locais que não podem ser regularmente visitados, porque aqui é uma joia da arquitetura e a casa da democracia", destacou.
Segundo Bergo, a visita também estimula reflexões sobre o papel de Brasília como cidade-símbolo e polo de inovação. "Brasília é uma cidade única. A própria história da cidade, com pessoas vindas de todos os cantos do país para construir algo em comum, instiga esse espírito de reinvenção. É uma cidade que inspira soluções, provoca novas ideias, especialmente em áreas como mobilidade e planejamento urbano. Tudo aqui convida a pensar o futuro", refletiu.
Democracia protegida
O advogado Alexandre Maia, 28, aproveitou o feriado prolongado para fazer a visita. Fascinado pela cidade, ele destacou a importância de o público participar cada vez mais das decisões tomadas no país. "Espero que ele (o Congresso) esteja cada vez mais aberto para a participação popular e, sobretudo, que os nossos representantes estejam abertos, assim como a Casa hoje (ontem) esteve fisicamente aberta para mim e para as outras pessoas", afirmou.
De acordo com o morador do Rio de Janeiro, o que mais chamou a atenção durante a visita foi conhecer, de perto, o cenário dos ataques do 8 de Janeiro. "Foi um momento de muita preocupação com os rumos da nossa democracia. Conseguir ver um pouco daquilo que vi pela tevê e presenciei aqui, no espaço físico, memórias do que aconteceu naquele dia e do perigo que a democracia ou", relatou.
Giulia de Souza, 26, também ressaltou a importância de ver de perto as marcas que a tentativa de golpe deixou. "O que mais me emociona é ver as restaurações das coisas que foram destruídas. Tinha me esquecido da dimensão disso. A tapeçaria rasgada e os presentes quebrados me chocaram. Já tinha vindo aqui antes da destruição e achei essa parte a mais emocionante", comentou.
A celebração dos 65 anos do Palácio do Congresso Nacional é, ao mesmo tempo, um resgate da memória e uma convocação à cidadania. Como lembrou Lucas Bergo, "esse prédio não é apenas uma obra-prima arquitetônica. É um espaço vivo, onde muitas pessoas trabalham, diariamente, para proteger a democracia."
Roteiro inédito no Congresso Nacional
De 17 a 21 de abril, às 17h15, 18h15, 19h15 e 20h15, no Salão Nobre do Palácio do Congresso Nacional, com 30 vagas por visita, por ordem de chegada. A visitação especial à área das cúpulas do Palácio também está aberta até 21 de abril, com o das 9h às 17h, mediante distribuição de senhas no Salão Negro.
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