CEILÂNDIA 54 ANOS

Samba da Guariba forma instrumentistas em Ceilândia

Entre os diversos gêneros musicais, o bom pagode ganha espaço, como o Samba da Guariba, um coletivo que atua na área social, com projeto para formação de instrumentistas

 23/03/2025 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Caderno anivesário da Ceilândia. Samba da Guariba.  -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
23/03/2025 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Caderno anivesário da Ceilândia. Samba da Guariba. - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Em Ceilândia, não existe festa sem música. Para além do rap, a cidade pulsa musicalidade com diversos gêneros como samba, forró, rap, sertanejo, indie e rock. O Samba da Guariba, por exemplo, é considerado um símbolo da resistência cultural e da identidade da cidade. Criado por um grupo de amigos, em 2016, o evento acontece mensalmente, sempre no segundo sábado de cada mês. O coletivo surgiu para fortalecer o samba de raiz e se tornou um ponto de encontro para músicos e moradores.

Para Danielton Lima, conhecido como Dan, 42 anos, um dos representantes do coletivo, o Samba da Guariba realizado na entrequadra EQNN 18/20, é mais do que uma roda de música, é um reflexo da identidade cultural de Ceilândia. "A gente se reúne em um ambiente de celebração e integração social. Queremos desempenhar um papel importante na promoção da arte e lazer aqui na cidade", diz.

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Criado em Ceilândia, ele declara o carinho pela região onde mora. "Esse lugar me recebeu de braços abertos, assim como todos que aqui chegam. Aqui, adquiri maturidade, construí sonhos, fiz amigos, encerrei ciclos e continuo a sonhar e realizar novos projetos. A Ceilândia dá oportunidade para quem gosta de desenvolver o social e desenvolver cultura, lazer e esporte, mesmo com todas as dificuldades e apoio. Seguiremos firmes", enfatiza.

Evolução

Outro integrante do grupo, Edson Rodrigues, 48, conta que, além da ligação com o samba, é apaixonado por Ceilândia. "Sou filho de pai e mãe baianos e, como todo retirante, eles vieram para Brasília com um sonho. Em 1978, meus pais ganharam uma casa na Guariroba e, desde então, nos instalamos por aqui", recorda. "Acompanhei toda a evolução de Ceilândia, do terrão ao asfalto, a falta de telefone. Sou de uma época em que a região era marginalizada de forma muito pesada", acrescenta.

Sua história com a cultura teve início quando foi convidado a formar o Samba da Guariba pelo irmão Emerson Rodrigues — idealizador do coletivo. Desde então, ele não largou mais. "A intenção de ter um local para formação e atividades comunitárias. Em setembro do ano ado, criamos a Casa da Cultura", afirma. "Um dos nossos projetos é o Samba da Guariba Ensina, que ajuda jovens e adultos a tocar instrumentos de harmonia e percussão", explica.

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    Márcio Santos Viana, conhecido como Marcin, 38 anos, encontrou no futebol não apenas um caminho, mas uma missão. Hoje, ele não só treina atletas, mas transforma vidas, oferecendo oportunidades para crianças e jovens de Ceilândia Luis Nova/CB/D.A Press
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    As atletas Katlen Lopes e Sophia, mãe e filha que lutam juntas para levar Ceilândia aos pódios internacionais, destacam o carinho que têm pela cidade e por suas origens Luis Nova/CB/D.A Press
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    Ao lado da estação de metrô Ceilândia Centro, será inaugurada a Casa do Hip Hop. Nomeada em homenagem ao falecido DJ Jamaika, o local pretende ser um centro cultural livre para todos os públicos Luis Nova/CB/D.A Press

Músico de raiz

Ceilândia é um berço de artistas. Felipe Victório, 40 anos, cresceu e se consolidou como um dos músicos que fortalecem a cena afro-religiosa e o samba na cidade. Integrante da banda Patacori e dos projetos Samba na Comunidade e Samba na Guariba, ele vê na música não apenas uma expressão artística, mas também um ato de preservação cultural e de identidade.  

Desde pequeno, Felipe construiu uma relação profunda com Ceilândia. Criado entre os campos de terra do Setor P Sul e os corredores movimentados da Feira da Ceilândia e da Feira da Guariroba, ele lembra com carinho das histórias vividas nesses espaços. "Cresci frequentando a Feira da Guariroba. Minha avó tinha duas bancas lá e minha tia-avó tem a banca do Carlão, na Feira da Ceilândia. A feira sempre foi um ponto de encontro para minha família e amigos", celebra.

Além das feiras, outro ponto que marcou a infância e adolescência de Felipe foram os eventos culturais e rodas de samba que aconteciam na cidade. "Eu sempre gostei de participar das rodas de samba abertas, como o Samba na Comunidade e o Samba na Guariba. Sempre participei dos eventos que acontecem de cultura negra e nordestina, na Casa do Cantador", destaca.

 

Correio Braziliense
postado em 27/03/2025 06:00
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