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Chile é o primeiro latino-americano a plantar maconha com fins medicinais

O local do cultivo foi mantido em sigilo e conta com um forte dispositivo de segurança

Agência -Presse
postado em 29/10/2014 19:22
Santiago - O Chile deu início, nesta quarta-feira (29/10), ao cultivo das primeiras sementes de maconha para uso medicinal autorizadas oficialmente, em um terreno do município de La Florida, ao sul de Santiago, em uma iniciativa pioneira na América Latina.

A plantação começou com a germinação das sementes de canábis, que depois serão plantadas no terreno. O local do cultivo foi mantido em sigilo e conta com um forte dispositivo de segurança, de barreira dupla: primeiro, uma cerca elétrica, e depois, arame farpado.

"Este é o primeiro cultivo medicinal autorizado da América Latina", disse, na cerimônia de lançamento da iniciativa, Ana Maria Gazmuri, presidente da Fundação Daya, dedicada à promoção do uso medicinal da erva. "Estamos fazendo História no alívio dos que sofrem", acrescentou Gazmuri.

O prefeito de La Florida, Rodolfo Carter, e Gazmuri se encarregaram de colocar as sementes em uma bolsa hermética de plástico, envoltas em papel de cozinha úmido para fazê-las germinar nos próximos dois dias. Em seguida, serão transplantadas para jardineiras, e os exemplares mais vigorosos serão selecionados para ser replantá-los.

Na região, o Uruguai aprovou em dezembro uma lei que regulamenta o mercado de maconha, transformando o país no primeiro do mundo em que o Estado controla a produção, a venda e o consumo da droga, embora a iniciativa ainda esteja em fase de implementação.

A primeira colheita no município chileno é aguardada para abril e um mês depois deve ser feita a distribuição de um óleo especial com extrato de canábis para 200 pacientes oncológicos, previamente inscritos e selecionados no programa, que o receberão gratuitamente. Os usuários serão submetidos a um estudo clínico para analisar os alcances da terapia.



Em 8 de setembro, a prefeitura de La Florida obteve permissão estadual para elaborar o óleo da canábis. A autorização é apenas para uso medicinal da maconha e estuda a colheita de 425 plantas. A autorização foi antecedida de polêmica no Chile, um país que, em sua legislação, considera a maconha uma droga pesada.

O governo da presidente socialista Michelle Bachelet comprometeu-se a rebaixar a maconha de droga pesada para leve, o que reduziria as penas por tráfico e tornaria mais factível seu uso medicinal, enquanto o Congresso prevê analisar um projeto para descriminalizar o cultivo de maconha para consumo próprio.

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