Seis meses depois do aparecimento das primeiras manchas de óleo na Região Nordeste, a Marinha segue sem respostas sobre a possível origem do material que apareceu nos litoral brasileiro em setembro do ano ado. O último balanço feito pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) revela que 1.009 localidades, de 11 estados, foram afetadas. Além disso, aproximadamente 5,3 mil toneladas de resíduos foram recolhidas. A investigação, conduzida pela Polícia Federal e pela Diretoria Geral de Navegação da Marinha, ainda está em andamento.
Para o coordenador e fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Humberto Barbosa, a probabilidade de ficar sem uma resposta sobre a origem do óleo é alta. “À medida que o tempo a, é muito difícil fazer uma progressão retroativa para apontar uma possível causa. Nossa expectativa é que, com mudanças nos ventos e nas correntes marítimas, dê para identificar alguma mudança que possa nos ajudar a traçar uma linha diferente para achar essa origem”, avalia.
Segundo o professor da UFAL, as condições climáticas desde o final de novembro mudaram e facilitaram a dispersão do óleo que chegava à costa. “A partir de abril, poderemos ver outra alterações. As correntes podem estar favoráveis e podem trazer alguns resquícios do óleo para as praias. Ou ainda parte dos resíduos que está no fundo do mar pode ganhar flutuabilidade, e os ventos podem trazer para a costa”.
O Correio questionou a PF, que informou, em nota, que “como as investigações continuam em andamento, a PF não irá se pronunciar sobre o tema”. Em novembro do ano ado, um petroleiro de bandeira grega, o Bouboulina, foi apontado pela autoridades como suspeita de ter derramado óleo próximo ao litoral nordestino. Na época, a PF informou que a parte da localização da mancha inicial, cujo derramamento teria sido no final de julho, foi possível identificar um navio que ou pela área suspeita.
Já a Marinha, apesar de ainda não saber qual é a origem do óleo, continua com a Operação Amazônia Azul na costa brasileira. Nesta quarta-feira (19/2), a terceira fase da operação foi encerrada no Rio de Janeiro.
Para buscar uma resposta, na última terça-feira a I sobre o Derramamento de Óleo no Nordeste, da Câmara dos Deputados, retomou os trabalhos. De acordo com o deputado federal João Campos (PSB-PE), relator da comissão, o grupo começou a receber os primeiros documentos sigilosos na volta do recesso. O prazo para envio da documentação deve se encerrar em cerca de 10 dias.
“A gente não teve o aos documentos oficiais, como os ofícios de instalação do Plano Nacional de Contingência, e as ações das autoridades responsáveis. Só teremos uma confirmação quando tivermos o a documentos oficiais, para ver o que foi feito ou não, se foi fora de prazo ou não. Antes de toda a documentação oficial, a gente não pode fazer suposição”, afirmou.
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